domingo, 4 de setembro de 2011

JACK BOSMANS

JACK BOSMANS:
O PAI DA “POEMAGEM”

Arthur Jaak Wilfrid Bosmans, ou apenas Jack Bosmans, nasceu em BH, Minas Gerais.

Começou seus estudos de piano clássico aos 7 anos, optando mais tarde pelo rock e pela MPB,quando participou de algumas bandas e compôs junto com o poeta e amigo Adão Ventura, algumas canções para o Festiva Estudantil da Canção.

E foi, justamente através de Adão Ventura, que Jack interessou-se pela literatura e começou a escrever, sendo então convidado a ser um dos colaboradores do Suplemento Literário do Minas Gerais.

Concomitantemente, surgiu o interesse pelas artes plásticas, ingressando na Escola Guignard. Logo depois, ingressou para a faculdade de Engenharia, para cursar Mecânica.

Seu primeiro emprego, foi como câmera-man da extinta TV Itacolomi. Nesse mesmo período, realizou um curso da Academia Mineira de Letras, a convite de Murilo Rubião. Interessou-se pela força da imagem e ingressou na Publicidade, onde criava e dirigia comercias.

Na sequência, dedicou-se ao cinema, indo para Bélgica, onde concluiu o curso de Diretor e produtor cinematográfico. Voltou para o Brasil, em 1976, mas encontrou dificuldade em abrir campo para a produção cinematográfica própria, passando, então a se dedicar à publicidade, onde conquistou vários prêmios nacionais e internacionais.

Até então, seus poemas eram apenas engavetados. Em 2002, convidado para dar aula de cinema na UNITRI, conheceu a Professora Drª. Kenia Maria de Almeida Pereira, do curso de literatura, que um dia vendo seus poemas o incentivou a desenvolver mais ainda esse lado.

Criador do movimento POEMAGEM em 2002, é hoje chamado o “pai” da Poemagem, com diversos seguidores não só no nosso país como na America Latina e Europa. Com toda a bagagem adquirida, Jaak criou o curso de especialização “O cinema e a literatura na sala de aula”, na mesma universidade, onde foi professor e coordenador. Ali desenvolveu junto com os alunos vídeo poemas, como trabalho final do curso, obtendo sucesso imediato, pela novidade e tendência do momento.

A poesia começa a tomar mais força, como seu principal trabalho profissional, em 2004, quando recebeu muitos elogios e teve seus poemas inseridos em vários sites especializados, junto a consagrados poetas. Com um estilo bastante vigoroso e surrealista nunca deixou de transparecer a ternura, a solidão, o abandono, seus conflitos internos e sua “não” relação com o mundo.

Seus poemas estão no Recanto da Letras e Colméia Literária. Os internautas, através do Google, também encontrarão diversos trabalhos de Jack Bosmans.

Antologias:Latinidade Poética, Delicatta IV, Coração de Poeta (a sair), e em várias comunidades poéticas.

Atualmente, faz palestras e oficinas sobre poemagem, tendo sempre como objetivo um mix dos diversos meios visuais e textuais na composição poética.

É o atual Presidente da Academia de Artes Letras e Cultura “Maestro Arthur Bosmans”, Vice presidente da Universidade Planetária do Futuro, Coordenador do Núcleo Artforum Brasil XXI de Belo Horizonte e Cônsul Poetas Del Mundo B. Serra


Links:
http://academiadeartes-maestroarthurbosmans..com

http://www.poetasdelmundo.com/verinfo_america.asp?id=5366

 http://www.avspe.eti.br/biografia2010/JaakBosmans

http://muraldosescritores.ning.com/profile/ArthurJaakWilfridBosmans

http://www.blogger.com/profile/12330292783685540414

JORNAL DA CIDADE ONINE
http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=2283



NO ENCONTRO DE NÓS DOIS

No encontro de nós dois
Despi-me das armaduras e me revesti de desapegos
Não te queria. Pra que te ter?
No encontro de nós dois era importante que continuássemos dois
Não encontramos pedaços perdidos de nós
Encontramos inteiros que podemos amar.

No encontro de nós dois
Abriu-se uma fenda na paisagem daquele por de sol
Não te queria em despedidas nem mesmo em reencontros
Cada amanhecer me pertencia e eu te oferecia em bandejas,
Ainda na cama, os primeiros raios da luz.

No encontro de nós dois
Teve lua, teares de estrelas, e convite pra ser feliz.
Beijos com um só riso, e me aconcheguei logo, em quase nada.
E que era tudo.
Me desfiz em lágrimas, e colhi-as nas mãos,
Só pra jogar pro alto e vê-las se transformando em brilhos.

No encontro de nós dois
Grandes cavalos alados e pequenas gotas de vento
Transformavam cada palavra em vestimentas de ternura.
Foi assim que se deu em mágicas, aventuras, e sonhos
O encontro de nós dois.

Jaak Bosmans


Ficou

Ficou como última imagem,
O vazio do que me foi um lar.

Ficou o vento que um dia foi brisa,
Como saudade ou mesmo lembrança.

Ficou o silêncio próprio das almas,
Que só se encontram quando tudo é fim.

Jaak Bosmans


Variações em Torno do Tempo

Alguma coisa ressuscita,
trancada na janela do acontecer,
vestida de partidas.
Uma cicatriz.
Foram tantas as facas que me penetraram,
rasgaram meu ventre,
abriram-me o peito e vararam meus olhos.
Meu rosto ainda espanta,
sob a luz de um momento, porque
há uma escada que te sobe e existe um rosto na janela.
Vinte anos não se desintegram num abraço, e os olhos dos que te
olham se ventilam com o suor que nos cobre o corpo.
Há uma palidez no rosto.
Repara que o nosso andar não acorda ninguém.
Mastigamos nossos corpos,
mas não nos perdemos em duração.
Trinta anos também não se perdem.
Os mortos te olham da cova,
porque sete palmos são transparentes.
E volto para não existir,
porque o existir vem da certeza de uma janela aberta.
Chega e te busca em mim,
porque é passageiro o acorde sonante, e
a melodia nos informa da existência de uma sombra,
assassina e delatora.
Quarenta anos.
Quarenta se desdobra em passados, simplesmente.
Homens, mulheres, crianças, todos se vestem de retornos,
mas existe um olhar da eternidade, e
quarenta são os gritos de querer ter vinte.
O corpo verga sobre os degraus, com a ajuda do velho corrimão.
Não há mais nada a ferir,
porque o ferir agora é íntimo, e
a eternidade descansa no amargo de ser antiguidade.
Há um extremo que se confunde com a loucura, e
um relógio que se atrasa com o estar feliz.
Cinqüenta anos.
Espero-te na nascente dos degraus.
Lá em cima te vejo a sombra,
mas existe uma imobilidade, porque
nossos corpos já vestem fraquezas, e
o limite é abraçar nossas sombras.

Jaak Bosmans