segunda-feira, 22 de agosto de 2011

RACHEL DIAS DE MORAES


RACHEL DIAS DE MORAES:
O MUNDO DO AÇÚCAR E A POESIA


A poetisa Rachel Dias de Moraes é formada em Artes Plásticas pela Faculdade Armando Álvares Penteado – FAAP de São Paulo.

Foi diretora de arte em agencias de propagandas, fez desenhos de estamparia para a Toyobo, e por um bom tempo foi free-lancer na área de ilustrações e fotografia.

Atualmente tem um ateliê em sua própria casa, onde desenvolve projetos de "cake designer".

É o mundo do açúcar, pois Raquel faz bolos seguindo a linha antroposófica.

Usa os contos de fadas para deixar o bolo lúdico e encantador.

O detalhe interessante é que esse mundo mágico, ela transporta muitas vezes para a poesia e contos fantásticos, que ama escrever.

Rachel tem um blog poético que pode ser visto no seguinte endereço:

http://oquecintilaemmim.blogspot.com/
Blog de contos e poesia

http://orebate-rachelmoraes.blogspot.com/

JORNAL DA CIDADE ONLINE
http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=2203



Uma Sombra

Sou o acaso
Nesta cidade de pedras.
Sou uma sombra
De substância ilegível.
A epiderme se solta
Para decifrar mapas,
Achar lugares.
Estátua humana
De concreto falso,
Olha-me com a certeza
De poder capturar-me
Com seu olho de fisgar louco.
Eu tenho um
Gosto ácido na boca.
Só sei dos instantes
Que em flashs atravessa
O meu corpo breve.
Rompe o ar,
Deixando uma promessa
De existência plena.
Mas de repente
Um vento vem
Girando num barulho,
Derruba o que fui e o que sou
Num só mergulho.
E sou de novo

Uma sombra do acaso.

Rachel Dias de Moraes


Muralha

Construí uma muralha
A minha volta,
Completamente talhada
Para guardar silêncios extremos.

Noturno lugar
De aparência antiga,
Lugar de sacrifícios e
De juventude desesperada.

Vivi no interior desta
Cidade de arcos,
Como uma mulher de fervor,
De cândida fala.

Agora vou suspensa pelo vento
E desvio dos espinhos
Que se formaram
Nas trepadeiras aladas.

Queimo minha loucura
Nos incensos de jasmim
E sinto minha vida
Se apartando, pouco a pouco num fim.

Vejo a treva na soleira da porta.
Uma luz tênue sai de minha cabeça e
Estrelas voam ao meu redor.
Ainda tenho a ilusão de felicidade.

Derramo-me sob os degraus da escada.
Diluo-me pelas frestas das pedras.
Vou caindo para fora das muralhas,
Muito antes de viver em mim.

Rachel Dias de Moraes