quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

GIL FAÇANHA



GIL FAÇANHA "NASCER POETA"

Buscando entender o prazer que sentia ao descrever suas mais intensas emoções, concluiu que ela mesma, só poderia ter nascido do encontro de dois amantes, que buscando rimas perfeitas, uniram seus corpos em versos, dando origem à poesia da vida.

Não havia como não nascer poeta!



BLOG:  PUBLICANDO SENTIMENTOS
http://publicandosentimentos.blogspot.com.br/

Os textos dr Gil Façanha podem ser encontrados:
Site da ACAPEC





AS FACES DE UMA POETISA

Sou tantas coisas antes de ser poeta!
Sinto antes de escrever, e em cada verso que rabisco, ganho mais uma chance de surpreender.
Não tenho apenas um estilo, se o tivesse, cairia em contradição.
Porque poeta escreve com a alma aquilo que sai do coração.
Não escolho as emoções que me dominam, a vida me leva pra onde ela bem quer.
E brincando de ser poeta, vou me revelando como mulher.
Em minhas letras falo da vida, do amor e da paixão de pele.
Nos lugares onde eu me escondo, deixo os versos que me revele.

Gil Façanha



DE DENTRO PRA FORA

Aqui no silêncio do meu quarto,
Na penumbra da minha solidão,
Revejo os antigos passos,
Repenso cada emoção.
Essa solidão que me invade,
Acolhe-me e me expõe ao mundo,
Abre meu peito sem alarde,
E me revela inteira em um segundo.
Vejo-me intensa,
Ainda que sem rumo.
Uma profundidade propensa,
A me tirar do prumo.
Fecho os olhos e mergulho fundo,
Nessa alma prolixa, confusa.
Sinto-me afogar em meu próprio mundo,
E me perco em sentidos contrários, de maneira difusa.
Estou dispersa entre os conceitos criados,
Nem sei bem como me revelar.
E de esperança cansada,
Questiono-me se me encontrarei de dentro pra fora...
Ou se de fora pra dentro, alguém irá me encontrar.

Gil Façanha



RASTROS DE MIM

Minha imagem é apenas um rastro.
Qualquer coisa que ainda representa tudo o que vivi.
As lembranças dos amores,
Dos beijos tantos que nem pude contar,
Das dores sentidas, tão profundas que não as pude mensurar.
Minha imagem é apenas um rastro.
Retrato envelhecendo ante o meu espelho,
Que audaz, me revela rugas... Sinais que o tempo não parou.
Minha imagem é apenas um rastro.
Fumaça evolando-se no espaço,
Dissipando-se a cada passo,
Deixando-me mais distante do que um dia fui...
A pura imagem do cansaço.
Sou hoje o acaso da promessa
Que me fez esperar sem pressa,
Pra nunca ser cumprida nessa vida vã.
Minhas angústias são doenças sem cura,
Que me queimam numa eterna procura, feito febre terçã.
Minha imagem é apenas um rastro.
Reflexo dos desenganos,
O refazer de tantos planos,
A lembrança inerte de uma saudade que dói.
Hoje sou apenas vaga lembrança,
De tudo que pensei ser quando criança,
Resumido a uma eterna busca sem fim.
Minha imagem se esvai na chuva,
Deixando apenas uma silhueta turva,
Trazendo à tona aquela insana saudade de mim.

Gil Façanha



ENQUANTO AINDA HÁ TEMPO

Um dia, sei que a morte me calará. Não haverá mais tempo para dizer o que sinto.
Não haverá um momento exato ou inexato... Apenas não haverá momento.
Não quero partir com a sensação de que disse tanto... Menos o que queria.
Que fiz tanto... Menos o que realmente desejava.

Sou uma alma intensamente alegre, e intensamente triste...
Sou apenas uma alma de poeta.
Tenho todas as emoções aos gritos, nas pontas dos dedos.
Tenho todas as razões que preciso para escrever.
Então, permita-me gritar meus sentidos, explicar todas as minhas intenções.
Não quero vê-lo questionando-se o que eu senti, quando eu não puder mais te assegurar.

A vida é curta e, mesmo com o passar de muitos anos, o tempo nos rouba certas consciências. Não quero perder tempo com receios que me travam a língua e acorrentam-me os pés.
Deixe-me falar do quanto fui feliz quando fomos nós.
Deixe-me confessar toda a beleza que vi dentro de você.
Deixe-me repetir incansavelmente, o que penso de ti, e o quanto fostes importante para mim.
Ouça-me enquanto há tempo... Diga-me tudo o que precisa.
Antes que o tempo seja apenas passado, e tudo o que calamos,

Gil Façanha



AMOR LIVRE

Que seja livre o nosso amor,
Que nos liberte para voar,
Que seja ausente de qualquer dor,
Que não necessite de amarras para amar.
Que sermos quem somos, seja divino,
Longe de qualquer julgo ou condenação,
Que o amor seja livre indo e vindo,
Que não nos condene a nenhuma prisão.
Que você vá e venha quando quiser,
Fazendo de mim o teu perfeito cais,
Que sejas meu homem e eu tua mulher
Sem nos sentirmos em cárcere, jamais.
Que estejamos juntos ainda que separados,
Que tua ausência não signifique tormento,
Pois quando se ama, se está lado a lado,
Ainda que a saudade se torne um lamento.
Busquemos do amor sua intenção pura e simples,
Entendendo que com ele vem a liberdade,
Pois quem aprisiona e ama com posse,
Ainda não sabe na vida o que é amar de verdade.

Gil Façanha



SEM VOCÊ

Hoje sou apenas um pensamento.
Fui resumido a uma lembrança que jamais será apenas vaga.
Rascunhos dos nossos momentos ainda fazem de mim um poeta sem ilusão,
Incapaz de criar ao menos um verso que possa refletir as angústias do meu descompassado coração.
Revivo todos os dias, a felicidade que contigo tive outrora.
Tentando esquecer tua eterna ausência e a falta de um adeus antes de ires embora.
Lembro-me de cenas só nossas... Tantas, que viraram pinturas esboçadas na tela da minha mente.
Nas cores que dei à saudade, como se meus olhos fossem pincéis...
Pinto tua inesquecível imagem à minha frente.

Gil Façanha



NAS CHAMAS DO DESEJO

Nem nos recantos mais sensatos do meu eu
existe arrependimento pela entrega saudosa
naquele eterno momento passado.
Lembro-me que o sol iluminava o dia,
e o horizonte se perdia no infinito encontro entre céu e mar.
No exato momento do teu abraço, envolvi-me em teus laços
e fui consumida pelo fogo da paixão.
Transmutei razão em emoção,
queimei entre as chamas do pecado e do perdão,
até virar cinzas e retornar ao pó de mim.
Vivi no calor do teu corpo todos os anseios
do meu insano coração carmim.

Gil Façanha



Dor... Dor de amor!

És, na imensidão das palavras, o vão apelo em minhas preces.
Se te chamo, clamo em lágrimas que almejes tua volta,
em um retorno sincero, épico, porém, que sejas breve,
antes que a dor acabe e finde também, o sonho.
Eu que planejei com teus planos o mesmo futuro,
que te guiei quando o caminho era escuro, a mim,
resta contemplar o jardim onde plantei flores e onde hoje colho pó
desse teu coração árido, de solo agreste...
o assombroso retrato da infertilidade.
Morreram em ti todos os desejos, enquanto em mim,
jaz a esperança regada a sal... Lágrimas de um futuro ao qual conclamo,
de um passado que me apetece.
Segue altivo, amor... Vai em frente se presumes teu acerto.
Mas, se buscas não lutar em guerra alguma, saibas que em vão
Tens passado pela vida. Se até o amor abre no peito suas feridas,
só com peleja elas hão de se fechar.
Não lamentes minha dor, te peço... 
Basta que eu lamente tua insensatez.
Se queres seguir sozinho, segue sem medo...
Por hora, estarei onde me deixaste da ultima vez.

Gil Façanha



Febre dos ventos 

Dominou-me a febre dos ventos
turbilhão de pensamentos,
atonia emocional. 
Arrastou-me feito barco à vela,
navegando mares sem cautela
sob chuva torrencial. 
Vesti-me de certezas maquiadas,
sentindo a alma alucinada,
desnorteei meus sentidos. 
mas, ainda em tempo o mar acalmou,
a chuva forte chuviscou,
pela razão fui invadido. 
Então, enfim compreendi,
que entre lágrimas descobri
minhas verdades na viagem. 
Ainda que eu tenha me perdido,
e às vezes parecido sem sentido,
regressei sendo da paz, a própria imagem.

Gil Façanha



Desafio -te

Segue meus passos sem rastros, se fores capaz. 

E se me alcançares, verás meu olhar maravilhado, 
pois se chegares, assim inesperado, 
será o sinal de que preciso para então saber que sentiste minha essência, 
e que ainda que eu tenha apressado os passos e até corrido na fuga dos desenganos, 
já alcançaste em tuas sendas a consciência do poder do destino 
e entendido a sabedoria do tempo nos caminhos da vida. 

Logo, serei tua... Toda e apenas tua...

E tu, serás minha ave rara, 
criada nas asas do vento 
e acolhida no ninho em meu peito, 
na amadurecida concepção 
de que o verdadeiro amor só perdura livre.

Gil Façanha



Tuas escolhas

Se me buscares nos canteiros da saudade
verás as marcas do destino,
que no desatino dos desejos
levou de nós todos os beijos
e do toque restou a solidão.
Se esbravejares pelas ruas
clamando pela felicidade que era tua,
ouvirás o eco do vazio,
sentirás que do calor só resta o frio,
encontrarás tuas escolhas ao voltar na contramão.
E se por fim lamentares entre lágrimas
as descobertas encobertas pelo acaso,
tendo tu desprezado todos os prazos,
arca com a dor em teu peito,
relembrando tua total falta de jeito,
a esperança que arrancaste pela raiz.
Recordes então, quando te encontrares sozinho,
sem amor, sem ilusão, sem ninho:
Fiz de você meu mundo pra te fazer feliz.

Gil Façanha