quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

JUSSARA NEVES REZENDE


JUSSARA NEVES REZENDE

Doutora em Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é pesquisadora nesta área e autora de textos de crítica literária – publicados pela UFMG, PUC-MINAS, PUCRS, USP e Academia Mineira de Letras – além do livro de poemas Minas de mim (2001) e do romance Dora e Dorinda (2011), em coautoria com Abel Faleiro. Escreveu seu primeiro poema aos 10 anos e hoje possui uma gaveta cheia de inéditos, entre os quais se encontram três livros infanto-juvenis. Trabalha atualmente em um livro de crítica literária a respeito da obra poética de Florbela Espanca e na revisão de outro livro de poemas para o qual em breve buscará editor.


Seu nome é um dos verbetes do Dicionário crítico de escritoras brasileiras, da estudiosa Nelly Novaes Coelho (São Paulo: Escrituras, 2002) e aparece também no livro Todos os nomes do mundo, de Nelson Oliver (Rio de Janeiro: Ediouro, 2005), no verbete “Jussara”, como exemplo de “personalidade” (ligada à poesia) que tem esse nome.


Desde novembro de 2011 assina os artigos publicados no blog “Minas de mim”: http://www.minasdemim.blogspot.com.

Jornal da Cidade Online
http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=4328



Perdidos dias

Desmaiam os dias, malbaratados
que são por destroçados gestos,
por palavras vacilantes, abissais,
insuficientes como a própria vida.

Inexorável é o tempo que os consome
pondo rachaduras nas paredes,
nas faces e nos corações dos homens,
dissipando qualquer esperança.

Nada deixam se não deixam ternura
e as horas inutilmente alongam-se
se é imensurável a solidão e o desalento.

Esta a grande insensatez do tempo:
dispersa os momentos mais felizes,
faz longos demais os que não se quer viver...

(Publicado em Minas de mim, 2001)


Mistral

Se não sou mais que poeira ou folkhas secas
que o vento ao passar facilmente dispersa,
por que razão insisto em buscar estrelas
que distam tanto de minhas pobres mãos?

Se o vento desfaz meu rosto
e traz tristes névoas para meu olhar,
com que olhos buscarei os teus
se algum dia por aqui voltares?

E se contigo trouxeres alguma estrela,
poderão juntos descobrirem os frágeis rastros
que nas nuvens deixei ao procurá-los?

Ou ficarão iludidos com barulhos
de gente, de água e de vento
e para sempre estarei perdida?

(Publicado em Minas de mim, 2001)