quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CLAUDIA MORETT

CLAUDIA MORETT:
“UMA MÃO QUE FALA E DESENHA SENTIMENTOS EM FORMA DE POESIA"

A poetisa Claudia Morett, é nascida em Igarapava, interior de São Paulo, onde reside até hoje.

Tem 43 anos, três filhos, uma neta e uma mão que fala e desenha sentimentos em forma de poesia.

Uma apaixonada pela vida, pela família e pela própria história.

Ama a literatura, a poesia e a psicologia.

Claudia Morett diz o seguinte:

“Toda forma de arte me fascina, o ser humano me fascina, a natureza de todas as coisas me fascina.

Sou, contudo uma pessoa simples, livre de medos e angustias, embora muitas vezes venho a escrever sobre ambos, é que escrevo o que sinto em mim e nos outros, sou múltipla e imprevisível.

Assim vou sendo o que cada um faz de mim em sua mente. Nem flor, nem fruto... Apenas isso: Uma simples semente!”


Site na Revista de Poesias:
http://poetisaclaudiamorett.blogspot.com/

JORNAL DA CIDADE ONLINE
http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=3773



NUA

Minha nudez será castigada?
Feito sombra aos poucos cobrindo
O campo... Insinuo-me suave em sua retina.
Impudica, inconsciente, inocente.
Vou me despindo pouco a pouco,
Revelando-me insensata ao teu prazer,
Ao teu medo, ao teu espanto.
O pecado em mim, a lascívia, meu melhor desejo.
Os seios tristes sem carícia,
O contorno, as curvas, a silhueta.
Minha postura descomposta.
Entrego-me aos teus olhos
Minhas cicatrizes, as marcas que o tempo deixou,
O viço que ele roubou de mim,
O inicio, o meio, o fim.
O ventre ainda fértil e esguio
Minha geografia, uma fotografia...
Que sangra e tem suor, e é quente,
E viva, e ardente.
É assim que me mostro quando escrevo.
Sempre revelo de mim o que não devo.
É minha alma nua e desamparada.
Nudez explicita e virgem, ainda não foi deflorada,
E talvez por isso,
Só por isso,
Minha nudez venha a ser perdoada!

Claudia Morett


ONIOMANIA

Queria escrever coisas simples,
Pequenas palavras que não
Ferissem sua essência.
Coisas poucas e banais, comumente,
Como fazem os homens.
Mas não me aventuro a não ser eu.
Ou naufragar minha oniomania.
O desejo que tenho por constelações,
Planetas, luas, precipícios,
E montanhas, torres, oceanos, tempestades.
...Sua sensibilidade, sua dor, seu medo...
Seu desejo!
Percebe como quero as coisas que não me cabem?
Como podem coisas assim tão imensas
Caber numa mulher tão pequena?
Ou numa vida tão breve,
Se uma só vida for.
Podes então agora ciente dessas coisas,
Compreender a crueldade da minha dor?
Ou ainda que tão distante, poderá sondar
A expectação e a extensão do meu louco e insano amor?

Claudia Morett


MEU AMOR

Meu amor tem consistências duras.
É de substancia vaporosa e tem odores noturnos.
Meu amor traz coisas imensas do oceano,
E faz volutas espirais no espelho do tempo.
Meu amor diz palavras pequeninas:
Luz, ânsia, vulcão, luar... Amar!
Meu amor tem estrelas ocultas sob pedras gigantescas,
E uma canção soprando nas copas de arvores seculares.
Meu amor tem fibras de silêncios e a perpetuação sonífera
Do vai e vem do balanço alto.
Meu amor tem ondas sonoras que
Propagam-se dramaticamente no universo.
Meu amor tem a paz de um passarinho e fúria de um vulcão..
Meu amor é simples e fatal como de não me compreendesse,
E como se não o soubesse ás vezes pergunto:
Meu Deus, que amor é esse?

Claudia Morett


Diferente!

Eu sou diferente!
Em tudo quanto é inerente a mulher comum.
E ao resto do mundo, isenta a tanto e a tudo,
Como a alma pousada no tempo fora do tempo,
entre o céu e a Terra...
Entre o
bem e o mal,
além até desse mundo. Abençoo a vida e
E enfrento todas as
As maldições dos antepassados.
E dos seres que vierem póstumos
Remendando os invernos antigos
Tecendo luares apocalípticos
Diferente, porque sou semente apenas
ainda não me revelei nem flor, nem fruto
Sou apenas uma mulher!
Pousada entre o absurdo e o poético
e trago em mim intensidade tamanha
Que me multiplica e espalha ao vento
Diferente, porque em mim amar é alem de amar,
E amor não faz nenhum sentido se não for sentido!
Diferente porque meus olhos transbordam
De orvalhos e marés invisíveis
Indeléveis aos simples mortais
Guardiã de efêmeros templos
Marcada por confusos sinais.
Inseridos em poemas difusos
Sombra sonora da tua loucura
Perdida entre os mundos
Vagando a procura
Maculada e pura
Sem nada que a impeça
Nem honras, nem glorias, nem poemas
Nem promessas... Uma alma errante
Que já não tem mais pressa.

Claudia Morett


Autêntica

Minha convicção é fatal.
O bem que faço é sempre visto como mal.
Minha piedade é considerada como fraqueza,
Como piegas minha gentileza.
Como loucura minha fidelidade a mim mesma.
Entendem meu amor com tanta dureza
Que consideram injustiça
Minha calma como preguiça,
Minha paz como covardia
E como tolice minha alegria.
Dizem que alicio os banidos
Que compactuo com bandidos
Que convivo com os perdidos
Que não observo as leis moralistas
Que aprovo os anarquistas
Que não reverencio os doutores
Que não obedeço aos senhores
Que inúteis são meus amores.
Tem-me como louca quando falo
E como indiferente quando me calo.
Não compreendem minha paixão
Não sabem das violetas que trago no coração
Ignoram o que em mim tenho do universo
E consideram absurdo o ritmo intercalado do meu verso.
Ignomínia meu desapego e liberdade
Irresponsabilidade meu sossego e absurda minha caridade.
Imaginam que sou breve quando reprimo a velocidade.
É sou leve como a cortiça, simples como a liberdade,
Não tenho medo, nem pressa,e creio na eternidade!

Claudia Morett