sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

-ALEXANDRE NADAI ARANTES -


-ALEXANDRE NADAI ARANTES -

Carioca do Flamengo, Zona Sul da Cidade Maravilhosa, o jornalista Alexandre de Nadai Arantes é repórter, escritor, poeta, compositor, cantor e produtor cultural. A carreira começou no colégio Pedro II, do Humaitá, na direção do Jornal “O Cordel”, onde teve como primeiro entrevistado, o então técnico campeão carioca pelo Fluminense, com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho, Joel Santana. Depois, fez parte, como coordenador, produtor e repórter do time de Super Craques das Rádios Tupi e Nativa FM. Passou pela BR SPort e DB Press e foi apresentador, repórter, redator e produtor da DIal Brasil - empresa do apresentador Luciano Huck, ALexandre Accioly e Luiz Calainho - , dona das Rádios Jovem Pan - na época, hoje MIX - e Paradiso FM. Abriu a Selection Comunicação, onde produz conteúdo jornalístico para internet, produz eventos culturais e trabalha a imagem de jogadores e artistas.


NADAI COMUNICAÇÃO
http://www.nadaipoeta.blogspot.com/



ROMEU E JULIETA

O impossível do amor
Está nas limitações que colocamos em nós
Onde qualquer um interfere
Mas só a dois a separação fere
O impossível do amor está em não brigar por ele
Achar que a vida é sempre perfeita
E que deletar alguém vai nos dar sempre a chance de um novo arquivo

A perfeição ainda é impossível
Se o amor existe
Não precisamos de fórmula da morte
Ou um pacto mal calculado
O impossível do amor está em não aceitar que escolheu um jarro quebrado
Mas que ao seu lado ele possa ter alguma valia

O impossível inglês
Onde Julieta não tem Romeu
É lindo nos livros
Mas faz a realidade sofrer
Toda via as estórias acabam
Os livros fecham

Mas não quero fechar sem você

Alexandre Nadai


SAMBA SEM COR

Falar de Mangueira
É um eterno cantar
Lembrar versos de Nelson
Ao som do Cavaquinho
De Cartola e Padeirinho
De Neuma e Zica
Donas do samba e do lar

Falar de Mangueira
E seus barracões de zinco
Lembram Xangô
aos pés de Jamelão
Mas me lembra a Portela
A inimiga dos co-irmãos
Lembra Noel da Vila
Ou vice-versa
Papo de samba
Onde no partido alto se versa

Falar da Mangueira
É lembrar da força e tradição
De Candeia e Paulo,
Silas e outro tantão
Salve Noca, Monarco
Argemiro e Heitor
Salve o samba de Mangueira
De Madureira
Pois samba bom não tem agremiação nem cor
Salve a Viola de Paulinho
A Rita de Chico
Com seu Feijão
Salve a Bahia do mestre Rufino
Família Caymmi
E São Paulo de Adoniram

Só não saúdo você
Que o samba não quer
Como diria o poeta da antiga
Ou não é bom sujeito
Ou é doente do pé.

Alexandre Nadai


MEDO

Quando a conhecí
Confesso!
Tive medo.
Sabe essa coisa de criança.
Insegurança sem sentido do meu ser

Hoje
Quando você vai embora
Sinto medo
Sabe como é
Medo que a minha segurança
Não a deixe tão segura
Que o que, hoje, pra mim é claro
Pra você ainda seja àquela sala escura

Longe
Sem te ver
Me pego torcendo os cachos
Hoje nem os tenho mais
Ansioso para andarmos rápido
Escrevendo um longo caminho atrás
Sem medo de olhar o pretérito
Sem medo que o futuro seja mordaz

Alexandre Nadai


CRISTO RIO

Dos 80 anos do Cristo Rio
30 demorei para subi-lo
Sempre habitei embaixo dos seus braços
Para mim o acesso sempre foi tão fácil
Que na eterna espera sempre hesitei
Coisa de carioca que descansa na gema
Perde o foco se um outro tema
Aparece no momento melhor

Dos 80 anos do Cristo Rio
30 demorei para subi-lo
Impressiona quanto tempo perdí do mirante
No adiar constante
Coisa de carioca que descansa na gema
Perde o foco se um outro tema
Aparece no momento melhor

Dos 80 anos do Cristo Rio
30 demorei para subi-lo
E pegar o bonde
Descer na Igreja e subir a pé
Levado de carro
Por uma certa mulher
No foco do tema
Pois sua estrada era o momento melhor

Dos 80 anos do Cristo Rio
30 demorei para subi-lo
E o fiz nas Paineiras
No trilha
Orando na pedreira de meu pai Xangô
E também para Nossa Senhora Aparecida
Padroeira instituída
E que merece tanto louvor
Axé meu Redentor

Alexandre Nadai


A Filha do Mar

Sob os olhos graciosos de Oxalá,
Desço a Serrinha
Em ressacas de tormento
Que em pouco tempo
Retomam as areias ao mar
Um hiato silencioso, sem mágoas
Um vazio a ecoar
Poderia me atirar nas ondas
No doce morrer do colo de Iemanjá
Mas, prefiro o leito do meu pai
Do alto das Pedras do Arpoador
Contemplo sua beleza
Entoando Kaô
Xangô que abre meu jogo
Meu orixá protetor
Em paz com meu Ogum
Me chama Baru
Para esperar o mundo rodar
Na perspicácia do Angoleiro
Meu jogo passa a ser matreiro
Para um golpe só realizar
Esperando a deixa do bom malandro
Meu nobre cigano
Na ginga fica a diva contemplar
De dentro ou de fora
Minha perna viaja
Meu olhar enamora
A moça que não quer escutar
Mas como bom discípulo
Na batidas dos ogans e no toque do berimbau
O Iê do meu mestre dá o toque final
Meus olhos sobem para o luar

Mas minhas oferendas estão aí
Meu barco já foi
Pedidos de agora
Atendidos depois
A ladainha de lamento
A saudar
Essa linda filha da rainha do Mar
Odó Iyá

Alexandre Nadai